quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O totalitarismo cristão

Que Deus nosso Pai seja conosco pelos séculos.

Gostaria de apresentar a vocês esse texto que o primo de minha esposa escreveu.

Bem elucidativo, merece ser apreciado e refletido....

Espero que gostem.

Em Cristo.

O totalitarismo cristão
por: Leandro Possadágua

Normalmente é engraçado ver a forma como as pessoas reagem a essa expressão. Algumas parecem tentar negá-la, como se não houvesse a possibilidade de existir tal coisa. Penso que talvez isso ocorra por ingenuidade, ou por omissão - pior se for essa última! Existem também os que tentam armar uma revolução contra o totalitarismo. Porém, via de regra, é um movimento em causa própria. Geralmente são pessoas profundamente feridas e decepcionadas com alguns lideres religiosos. Tentam se vingar de alguns descasos cometidos, mas só fazem rir quem deveria se arrepender.

Cristo nunca foi e nem se fez de ingênuo. Ele apontou o dedo na cara dos fariseus e doutores da lei e até chegou a chamar Pilatos de raposa! Mas sua luta era em prol de uma causa que ultrapassava seu próprio umbigo, que ultrapassava os nossos umbigos de modo geral. Era de outro mundo, de outro Reino. Por isso ele nunca se preocupou em depor quem controlava o poder, em fazer uma revolução armada tão comum naquele tempo quanto hoje. A luta era outra.

No período dos pais da igreja, as crises vividas pela igreja não eram muito diferentes das de hoje. Um dos discípulos de João, Policarpo, chamou as viúvas e órfãos de “altar do Senhor”, pois eram prioridade dos ministérios. Fico feliz quando leio isso. Mas, por outro lado, João Crisóstomo, denuncia duramente a perda desse foco: “Esse freio de ouro na boca do teu cavalo, este aro no braço do teu escravo, esses adornos em seus sapatos são sinal de que estás roubando o órfão e matando de fome a viúva. Depois de morreres, quem passar pela tua casa dirá: com quantas lágrimas ele construiu esse palácio? Quantos órfãos se viram nus, quantas viúvas injuriadas, quantos operários receberam salários injustos? Assim nem mesmo a morte te livrará dos teus acusadores.”

Muitos absurdos e crueldades foram cometidos em nome de Cristo. Na Idade Média, em nome de Deus a inquisição matou milhares de “hereges”, enquanto bênçãos e salvação eram vendidas a peso de ouro para os grandes burgueses europeus. Na mesma época, muitos líderes eclesiásticos eram devassos sexuais e bêbados. Em nome de Deus, Hitler executou milhares de judeus e parte da igreja o apoiou.

Hoje, em algumas igrejas vemos outra discrepância, o que chamei de totalitarismo cristão. Nesse sistema as bênçãos sociais são privilégios acessíveis apenas aos que são leais ao poder estabelecido. Os rebeldes (aqueles que estão “fora da visão”) são excomungados em favor da minoria que tem as rédeas do poder em suas mãos.

Parece-me que o evangelho perdeu o poder de cura! Ou será que mudaram os valores? Se você é pobre e está desempregado, você não é amado por Deus e provavelmente está em pecado. Porém, se você é rico e tem uma mansão com piscina, pode ficar tranqüilo, você é amado e se um dia pecou, faz tanto tempo que Ele nem se lembra. As riquezas tornaram-se sinais das bênçãos do Senhor.

Eu tenho vergonha de mostrar um evangelho tão pequeno quanto o que é pregado hoje. Tenho vergonha do dia em que me encontrarei com os heróis da fé, os cristãos perseguidos, com a igreja das catacumbas de Roma. Sentirei-me como um filho mimado que vê Deus como pai super protetor e que nunca caminhei sozinho. Como disse Richard Wurmbrand, fundador da Missão Voz dos Mártires, “Os jovens que deveriam pisar a cabeça da serpente, conseguem apenas fazer cócegas em sua barriga”. Mas ainda há tempo para defendermos o cristianismo puro, sem máculas e paremos de ser omissos!

Leadro Possadagua é aluno de história na UFGD - Universidade Federal da Grande Dourados em Mato Grosso do Sul e co-autor nesse blog


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